domingo, 15 de abril de 2012

Garimpo de Amor






Garimpo de Amor
Narra antiga lenda persa que um homem residia em próspera herdade, na cidade de Golconda, com sua família, alguns camelos e outros animais, um poma generoso e um rio de águas cantantes que lhe passava pelos fundos da propriedade.
A existência sorria-lhe bênçãos e nenhuma outra preocupação o afligia.
Oportunamente passou pela sua vivenda um homem religioso, que viajava
convidando as almas à reflexão e à fé. Pediu-lhe hospedagem e foi recebido com carinho.

Após o jantar, na primeira noite da sua estada, o visitante indagou-lhe:
- És feliz, homem? Observo que sorris e desfrutas de algumas regalias da vida.
Gostaria de saber se possuis diamantes ou pedras outras preciosas, que são as bases da felicidade?
O anfitrião, algo surpreendido, respondeu-lhe:
-Em realidade, sinto-me muito feliz. Tenho uma família saudável, que amo e pela
qual sou amado, desfrutamos todos de saúde e confiamos em Deus.

Sou negociante próspero, mas não ambicioso, dispondo do necessário para prover o lar de tudo quanto se faz indispensável.
Mas não tenho jóias, nem mesmo quaisquer outras pedras preciosas.
Apesar disso, sim, sou feliz,
- Lamento decepcionar-te - redarguiu o viajante. Se não possuis diamantes, talvez
jamais os hajas visto, não sabes o que é a felicidade, tampouco és realmente feliz.

Passando a outros temas, logo depois, recolheram-se ao leito.
O homem, que se sentia feliz, começou a pensar na informação que recebera, e pôs-se a ponderar a respeito do valor dos diamantes. Passou uma noite mal dormida.
No dia seguinte, o hóspede foi-se adiante, e, ao despedir-se, insistiu, sugerindo:
- Pensa nos diamantes, conforme te falei.
A partir dali, o homem tranquilo passou a cobiçar diamantes. Procurou conhecer
alguns, e perdeu a paz.

Resolveu, por fim, vender a propriedade, deixou uma grande parte do dinheiro com
um cunhado, a quem confiou a família, enquanto seguiu em longa viagem na busca
de diamantes.
Vadeou rios, atravessou florestas, visitou montanhas e vales, venceu desertos,
buscando sempre diamantes, sem jamais os conseguir.
Passaram-se os anos, ele envelheceu procurando diamantes, a enfermidade o vitimou e a morte arrebatou-o, sem que houvesse alcançado a felicidade através das pedras famosas.

Sua família, que houvera perdido o contato com ele, dispersou-se e sofreu
amargamente o abandono, a miséria, a separação...
Aquele que lhe houvera comprado a propriedade, vivia
feliz e era generoso para com todos.
Mais de um decênio transcorrido, o religioso viajante retornou à propriedade e
procurou informar-se a respeito do antigo generoso anfitrião. Foi informado de que
já não residia ali, de que houvera vendido a casa e as terras, sem que se soubesse do destino que elegera.
Convidado a pernoitar, na mesma residência, após o jantar, enquanto conversava com o senhor que o hospedava, observou sobre a lareira algumas pedras que brilhavam ao crepitar das labaredas. Levantou-se, segurou algumas delas, aproximou-as da claridade, e perguntou, emocionado:
- Onde encontraste estas gemas?
- Entre os seixos e outras pedras no riacho - respondeu-lhe o anfitrião, desinteressado.
- Os animais pisam-nas, enquanto sorvem a água transparente, e porque me
pareceram muito originais, trouxe algumas para decorara lareira.
-Homem de Deus! — exclamou o religioso, trémulo, quase a desvairar. - Estas pedras são diamantes.

Amanhã, muito cedo, leva-me ao córrego...

... E passou uma noite inquieta, aflito.
Pela alva, seguiu com o proprietário na direção do regato, e quando lá chegaram, o
religioso, com olhar de lince, constatou que as águas transparentes deslizavam
sobre um leito de diamantes brutos, negros, brancos, amarelos, desprestigiados entre calhaus sem valor.
Desse modo, descobriu-se uma das maiores minas de diamantes do mundo, de onde saíram pedras fabulosas, algumas denominadas como Príncipe Orlojf Ko-i-Noot; etc., que dormem em museus famosos do mundo ou brilham nas coroas de muitos reis.
O homem, que era feliz sem conhecer diamantes, deixou-os no quintal da residência para ir procurá-los, inundo afora, sem nunca os encontrar...


O mesmo fenômeno ocorre com o amor.
As vidas possuem o amor no seu imo, mas não o conhecem . Necessitam de alguém
que as desperte para o significado profundo e o valor incomparável desse tesouro. No entanto, muitos se referem ao amor como algo que está em tal ou qual lugar,
apresenta-se nesta ou naquela situação, sob uma ou outra condição, indicando lugares onde raramente pode ser encontrado.
O amor radica-se no imo de todos os seres pensantes, esperando somente ser
identificado, para realizar o mister para o qual se destina.
Não exige sacrifício nem qualquer imposição externa, pois que pulsa, mesmo quando ignorado, realizando o seu mister até o momento em que estua de beleza e harmonia, dominando as paisagens que o agasalham.
La Fontaine escreveu que " nada tem poder sobre o amor; o amor tem-no sobre todas as coisas."
O amor converte os sentimentos humanos e sublima-os, tornando-os santificados e
libertadores.
Gandhi afirmava que "por mais duro que alguém seja, derreterá no fogo do amor; se não derreter, é porque o fogo não é bastante forte."
O amor espera pacientemente no leito do rio existencial humano até o momento em que seja descoberto, passando pelo período de desbaste da ganga externa, a fim de que a sua luminescência esplenda em toda a sua glória estelar.
Não surge completo, acabado. Necessita ser trabalhado, aprimorado, bem orientado.
Quanto mais é aplicado, mais se aformoseia, e quanto mais é repartido, mais se
multiplica em poder, valor e significado.

Garimpo de Amor
É o grande desafio para a existência humana, para a conquista do Espírito imortal.
O amor é um garimpo de diamantes estelares que deve ser explorado.
Possui gemas de diferentes qualidades e valores muito diversos.
De acordo com a coragem e a decisão de quem busca encontrar as suas riquezas
insuperáveis, sempre oferece novos matizes e configurações especiais.


Joanna de Ângelis 
Médium Divaldo Franco

Mensagem extraída do livro Garimpo de Amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário